Os resultados das últimas eleições legislativas representam um grave retrocesso na difícil luta que o povo português vem travando contra os crescentes ataques dos grandes interesses económicos e financeiros, protagonizados pela política colaboracionista do PS e pela cínica anuência do PSD e CDS, numa estratégia de “cozedura em forno lento” com que vinham “confecionando” o governo de Sócrates.
Tal política capitulacionista, só poderia ter o resultado que teve: um crescente endividamento externo do País, um aumento exponencial do desemprego e um ataque especulativo, em larga escala, dos mercados financeiros à nossa dívida, a empurrar Portugal para a beira do precipício. Perante o dramatismo deste quadro, o Partido Comunista apresentou um largo conjunto de medidas, comprovadamente coerentes e sustentadas, assentes na forte aposta na produção nacional, em políticas fiscais de pendor acentuadamente progressivo, com especial incidência, nos lucros dos grandes poderes económicos e financeiros, em políticas de combate ao desemprego e no incentivo às pequenas e médias empresas. Mas, a esta “troika nacional” (PS, PSD e CDS), não interessava “assustar” o grande capital e, comprometida como estava, com o FMI e seus derivados europeus, lançou uma escura nuvem de silêncio sobre estas propostas, fazendo crer, com a conivência da comunicação social, de que tal “ajuda” (e que belo negócio não é, emprestar tantos milhões a taxas de 5 a 6%), era incontornável. Tal falácia levou a um estado de profunda letargia e resignação de muitos dos eleitores, que, cansados de falsas promessas e descrentes nas instituições, se abstiveram de votar, com uma abstenção recorde de 41%!
Apesar de tudo isto, com a dramatização encenada pelos poderes político e mediático, com o claro objectivo de bipolarizar as votações; com o silenciamento das posições da CDU e do PCP, sobre a não inevitabilidade da farisaica ajuda financeira internacional e sobre a necessidade de renegociação da dívida, fortemente lesiva dos interesses do povo em geral; e da humilhante aceitação de um programa de governo imposto pela troika, fortemente desmobilizador das energias nacionais,
A CDU RESISTIU E CRESCEU!
No distrito, cresceu mais de 5% da sua massa eleitoral (15.729 votos), com mais 754 votos do que em 2009 e mais 1.935 do que em 2005. No concelho, a CDU também reforçou a sua posição, com mais percentagem e mais votos (3, 58% contra 3,25 em 2009, com 909 votos, ou seja mais 65). Mas tão importante como os resultados, foi a manifesta e crescente simpatia com que as populações receberam os militantes e candidatos, durante a campanha eleitoral, um sinal de que algo está a mudar nas consciências de muitos dos portugueses, que, aos poucos, se vão libertando das grilhetas e dos preconceitos, que, ao longo de gerações, os poderes dominantes, lhes foram impondo.
Estes são sinais animadores para os tempos difíceis que se avizinham, em que, perante a prometida ofensiva contra o emprego, contra os salários, contra as pensões, é imperativa a união de todos os democratas e progressistas, para travar esta difícil luta, e que também o é, a favor do emprego, contra os despedimentos, pela valorização dos salários e pensões, pelo acesso ao ensino e à saúde e pelo desenvolvimento e justiça social.
Concelhia do PCP de Águeda